O FENÔMENO VARIÁVEL DO ROTACISMO: UMA ANÁLISE PELA TEORIA DA OTIMIDADE
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2018.v20n2a18058Palavras-chave:
Teoria da Otimidade, Variação, Rotacismo.Resumo
O presente estudo pretende analisar o fenômeno variável do rotacismo à luz da Teoria da Otimidade (McCarthy; Prince, 1993; Prince; Smolensky, 1993/2004). O processo do rotacismo consiste na troca da consoante lateral /l/ por um rótico e pode ocorrer em dois contextos silábicos: ataque complexo, como em claro ~ craro, e coda silábica, como, por exemplo, calçado ~ carçado. Para esta análise, focamos apenas na ocorrência do rotacismo no encontro consonantal que ocorre no ataque complexo. O principal objetivo deste trabalho é propor uma análise otimalista do fenômeno que ocorre no português brasileiro, identificando quais seriam as restrições violáveis pertinentes para sua caracterização. Segundo McCarthy (2008), as etapas para se construir uma análise pela Teoria da Otimidade são: (i) escolher um problema para analisar; (ii) formular uma generalização descritiva, baseada nos dados; e (iii) partir da generalização para a análise, selecionando as restrições relevantes para explicar o padrão encontrado. A fim de analisar o fenômeno variável, buscamos generalizações descritivas sobre os padrões silábicos universais, a partir da Teoria da Sílaba (SELKIRK, 1982; 1984), e sobre as condições paramétricas propostas para as estruturas silábicas permitidas no português (BISOL, 2013;. COLLISCHONN, 2010). Com base nas generalizações descritivas, partimos para a análise otimalista, selecionando as restrições que parecem ser relevantes para os padrões silábicos encontrados e para a variação que ocorre entre as líquidas na posição de ataque complexo. Em relação à análise da variação, utilizamos a abordagem de gramáticas parcialmente ordenadas proposta por Anttila e Cho (1998). No caso do rotacismo, a proposta aqui é que temos três restrições parcialmente ordenadas, visto que podemos ter três variantes, a saber placa, praca e paca (com apagamento). As restrições consideradas relevantes para a análise do fenômeno foram IDENT-T, MDS-OC e MAX.
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